segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O caótico trânsito que criamos em Goiânia


Quando falamos em trânsito na capital, de imediato, aparecem várias reclamações e pessoas que se erguem insatisfeitas com o andar de “nossas carruagens” pelas ruas e avenidas de Goiânia. Às vezes vejo que as pessoas exageram um pouco. Isso deve ser reflexo do stress moderno.

Devo admitir que trânsito parado, calor e buzina é uma combinação perigosa. Sinais e gestos com anelares em riste são constantes. Bocas de dentes serrados e lábios que parecem pronunciar expressões inadequadas excomungam até a mais santa de todas as almas. É claro que com tanto tempo parado nos sinais acima de dois tempos, exista tempo de sobra, para se observar muita coisa que acontece ao nosso redor no trânsito. São elefantes e pulgas que nem sempre percebemos, mas que no somar de todos os detalhes, nos dão a certeza que nada é tão ruim que não possa ser piorado.

Umas das coisas que me dão verdadeiro pânico no trânsito são as “lindinhas das motocicletas”. Estas são realmente “de matar”. Não é incomum serem vistas fazendo traquinagens em suas Biz pelas ruas. Geralmente, não utilizam os equipamentos de proteção necessários para sua segurança. Trocam a jaqueta por blusinhas leves e folgadas, dando preferência para os modelos “tomara que caia”. As calças são sempre baixas para exibirem suas tatuagens, estrategicamente posicionadas no fim da “costa-rica”, e adornadas com segmentações mais claras na pele, confeccionadas com esparadrapos e muito suor, de baixo do sol causticante de Goiânia. Há também, as que prefiram os vestidinhos e micro-saias, para pilotarem suas máquinas, preferencialmente, na cor vermelha.

Os sapatos são um espetáculo. Os saltos e plataformas deixam os dedos soltos, prontos para serem carcomidos pela massa asfáltica. Quando estão de salto, encaixam a base do sapato e o salto no estribo dos passadores de marcha e do apoio do freio. Mas o pior ainda são as plataformas. Não oferecem nenhum tipo de sustentação e o pé da boneca parece ficar solto e sem aderência. Ótimo para frenagens bruscas. Muitas preferem as plataformas e vestidinho. Assim, podem pilotar de joelhos coladinhos, com o vestido preso entre as coxas, e os pezinhos com calcanhares virados para fora. Ergometria total e muita segurança. Com todo este estilo único, não poderia me esquecer das bolsas que utilizam.

As selvagens das “BIZcicletas” trocaram as mochilas por bolsas. E que bolsas...!!!??? Parece que elas carregam uma bazuca dentro daquilo. As bolsas são enormes! Lilás, roxa, vermelha, verde, douradas, cromadas, reflexivas... têm de todas as cores, modelos e tamanhos. Detalhe; a maioria não coloca a bolsa dentro do compartimento que existe embaixo do banco da moto. Preferem dependurá-las no ombro, auxiliando ainda mais, o seu equilíbrio. Produtos de série de suas motos tornaram-se opcionais para elas. Setas, faróis e retrovisores não existem. E sua coragem é absurda. Empurram carretas sem perceberem e ainda retocam a maquiagem quando param nos semáforos. Depois me explico para a @ValeriaAquino.

É claro que não poderia me esquecer da ala masculina deste time. Os que costumo chamar de “titanzeiros”. Eles adoram roletar sinais, costurar carros e pedestres, usar o capacete cor-de-rosa que comprou pra sua “peguete” e fixar adesivo no tanque da Titan com o nome da amada. Nos cruzamentos com semáforos, quando param, sentam com apenas meio-glúteo. Deve ser um novo estilo de dizer: “eu sou mau” ou qualquer coisa parecida. Adora te olhar feio porque você não o deixou passar naquele espaço de 20 cm que havia à direita do seu carro e a caçamba do Disk-entulho. Sempre serão notados e lembrados pelos seus escapamentos “xupetinha”, que estouram seus tímpanos, e pelas UR’s do Corpo de Bombeiros.

É no semáforo que temos visão de uma nova vida. Vidas diferentes e histórias diferentes. Vendedores ambulantes, pedintes, crianças... olha lá, o cara ta jogando facões para cima, se equilibrando em uma bicicleta com uma roda só ou cuspindo fogo. No carro ao lado, sempre há alguém com o indicador no nariz, conferindo os dentes no retrovisor, tirando espinhas ou se produzindo. Poucos o utilizam para saber como andam as coisas em sua retaguarda, à sua direita ou esquerda. Acho que novos modelos de carros estão sendo fabricados com setas opcionais e as buzinas estão apresentando mais defeitos ultimamente. Elas não param de tocar. Sem falar nos motoristas que são explorados. Acho que cobram deles, indevidamente, dois IPVA’s. Já que se dão ao direito de rodarem no meio da pista. Comendo duas faixas.

À minha direita, o artista da trupe cobra seu show com malabares. À minha esquerda, a criança me pede para inteirar um lanche.

Carros e faixa de pedestres são inimigos mortais. Os motoristas não param nem com reza - brava. Opa! Cantam os pneus. Tem uma gostosa na faixa! Ahhhh... o deleite de motoristas entediados. Elas desfilam com suas protuberâncias e voluptuosidades bem a mostra. Segundos que mais parecem uma eternidade para os que agora se assemelha a lobos famintos. Volantes babados e cabeça para fora das janelas. Pronto, a gostosa passou. CUIDADO AÍ! O cara quase atropelou a velhinha. Nas faixas existem também os que sinalizam e não vão. Os que vão sem sinalizar e os que desfilam. É isso mesmo, DESFILAM! Geralmente falando ao celular. Sorridentes, animados... despreocupados. Êita vontade de acelerar neste momento. PNE´s, idosos, crianças e carrinhos de bebês definitivamente não têm chances.

Se você, dono de imóvel e faz sua calçada, você pode ser multado. Sabia? Mas o que é feito para pedestre que não utiliza a calçada para transitarem? Existe alguma multa? Algo que defenda os direitos de nós motoristas?

Acredito que deveriam criar, assim como a CNH, a CNP. Carteira Nacional de Pedestres. Teria que seguir as mesmas exigências que as carteiras de habilitação. Validade, exames psicotécnicos, exames médicos e curso. As calçadas existem. Estão bem aí, do seu lado. Tem até aquela lá com um belo jardim. Então por qual motivo, os pedestres ainda teimam em andar na pista? Não existe nem ciclovia quer que haja “pedestrovia”? Quer andar na pista, vai para Trindade. No caminho tem uma via só para eles. Piores são os pedestres que andam na mão correta. Eles jamais enxergam os carros que vem por traz. E sem falar nos pedestres que param na metade da pista nos cruzamentos, quando querem atravessar de uma esquina para outra. Você é obrigado a abrir toda a sua trajetória, para não atropelar o “dono da rua”. Mas cadê a calçada?

É lógico, que existem centenas de coisas a mais, que eu poderia enumerar aqui hoje. Mas essas poucas que eu citei, fazem parte do nosso trânsito complicado. Mas acham que o problema é apenas estrutural e organizacional administrativo. O texto pode ser circense, mas o problema não é palhaçada. Agora vou nessa! O sinal abriu.

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