Com a crescente queda na preferência do eleitorado, o
governo de Marconi Perillo (PSDB-GO), dispara a sirene de alerta para tentar
colocar a sua administração em um uma rota segura de colisões. Os números
revelados pela última pesquisa Serpes/O Popular, mostraram que o tucano em seu
terceiro mandato à frente do estado, atingiu quase 50% de rejeição entre os
entrevistados.
Os números negativos, segundo a opinião pública, são conseqüência
da Operação Monte Carlo, onde o governador é citado em vários momentos, nas
gravações das escutas realizadas. Nos últimos quarenta dias, Marconi tenta
dividir seu tempo no cumprimento de sua agenda e as defesas contra suas
supostas ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira. O escândalo tem sido
apontado como o maior fator de desgaste de sua atual gestão.
Com os alarmantes números de “ruim e péssimo”, a aeronave do
Palácio das Esmeraldas demonstra sinais claros, de que seu vôo enfrenta várias
tempestades e turbulências ininterruptas. Isso provavelmente, seja o motivo do
aspecto cansado e irritado do governador, que a todo instante, sofre com as
ilações de seu nome a supostos indícios de corrupção e com as acusações que
aflige grande parte de seu secretariado.
De fato, os dados desta pesquisa se distanciam e muito, dos
levantamentos feitos durante suas duas administrações anteriores. Em 2012,
Marconi atingiu um dos piores índices de rejeição da história de um governador
em Goiás, se não o pior. A situação ainda é agravada devido ao crescente número
de crimes realizados no estado. A segurança pública de Goiás, também tem batido
recordes nos casos de homicídios e furto e roubos de veículos.
A resposta do eleitor goiano, diante tamanhas surpresas,
resultou em 34,5% dos entrevistados, avaliando o governo como péssimo e 14,4%,
ruim. Essas opiniões revelam 23,3 pontos porcentuais a mais, tendo como base
uma avaliação da gestão estadual realizada há sete meses, também pelo Instituto
Serpes. Na época, Marconi já havia atingindo o índice, considerado igualmente
elevado, de 25,6% de reprovação.
Outro aspecto que chama a atenção é o número da rejeição do
governo no ponto de vista do eleitorado feminino. As mulheres reprovaram o
tucano com 50,7%, e entre os jovens de 16 a 24 anos, o porcentual de 32% para
péssimo e 27,2% de ruim somou 59,2% de insatisfeitos.
Em sua defesa, diante dos números da pesquisa, o tucano
declarou que tudo isso é reflexo de ações tendenciosas da imprensa local e
nacional. Segundo deixou claro, ele tem sido alvo de perseguições que
dificultam o seu trabalho. Esta não seria a primeira vez que o governador
aponta diretamente a imprensa como responsável pelos “rasantes instáveis” de
seu governo. Em outras ocasiões, aproveitou oportunidades para minimizar os
levantamentos negativos sobre sua administração e sempre que possível, envolve
abertamente, supostos interesses de grupos de comunicação na “dês-construção”
de sua imagem e a expectativa de sua queda.
As declarações estão na contramão dos anos anteriores. Uma
vez que Marconi, sempre soube fazer uso das suas relações positivas com
diversos segmentos de comunicação e seus profissionais. Pelo visto, não andam
falando a mesma língua.
POUSO FORÇADO
Desde que assumiu o governo em 2011, Perillo deu sinais
claros de uma possível intenção de trilhar um caminho que o levasse à disputa à
presidência da República em 2014. Aparentemente, os acontecimentos que passaram
a açoitar seu terceiro mandato, o obrigaram a redobrar a atenção a ser dada a
Goiás.
Durante o início de seu governo até agora, já são duas as operações
da Polícia Federal que causaram efeitos diretos ao estado. A primeira delas, a
Operação Sexto Mandamento, levou à prisão de vários policiais goianos acusados
de cometerem homicídios e ilícitos, que acarretaram em uma grande ranhura na
imagem da corporação militar e começou a por a Secretaria de Segurança Pública,
do secretário Furtado Neto, em “xeque”.
Mais danosa que a primeira, está sendo a Monte Carlo, que
chegou ao ponto de ter que abrir uma CPMI para averiguar as denúncias e avaliar
as provas sobre um esquema mafioso do bicheiro Carlinhos Cachoeira em diversas
esferas de atuação, inclusive sobre as alegações da formação de um “governo
paralelo” no estado. Onde esta estrutura, teria puxado para sua rede, um grande
volume de políticos e empresários.
ROTOR DE CAUDA
Diante de uma série de cobranças feitas ao governo, que vão
desde promessas de campanha (ditas como não-cumpridas), até problemas
estruturais de departamentos vitais à sociedade como é o caso da saúde e segurança,
os professores da rede estadual de educação promoveram uma greve, repleta de
impasses, que durou mais de cinqüenta dias. Sem haver progressões nas
negociações, o fato foi resolvido, surpreendentemente, poucos instantes antes,
da Operação Monte Carlo começar a fazer revelações corrosivas, no coração do
Brasil.
Outro ponto a ser observado como agravante para a crise, foi
o constante e crescente número dos movimentos populares que exigem sua saída do
governo. Estes movimentos também, assim como a imprensa, sofreram retaliações e
desprezo por parte dos palacianos. Apontados como; “não representantes da
opinião da maioria”, os integrantes do #ForaMarconi foram apontados como
arruaceiros e marginais, por grande parte dos que defendem o governador. Mesmo
assim, o movimento cumpriu sua 3ª edição e prepara-se para ir novamente às ruas
da capital.
Somando todos estes fatores como os escândalos sobre
possíveis ligações do 1º escalão do governo com corrupção, queda de diretores e
da chefa de gabinete do governo, greves, CPI’s, aumento de crimes e crise na
saúde, aliados à promessa de uma paralisação dos delegados do estado, tudo leva
a crer que os números da última pesquisa, tendem a levar a aeronave palaciana a
um vôo mais raso, premeditando uma possível queda provocada por esta
desestabilidade que parece tomar conta das ações desencontradas e desordenadas
de toda a sua tripulação. Fazendo Marconi e equipe, girarem no próprio eixo,
sem terem condições de se movimentarem seguros por um céu nublado e com pouca
visibilidade.
FALHA MECÂNICA
Com as vertigens provocadas pelo alto-giro dos
acontecimentos, que provavelmente levaram à ruptura das hélices do estado, o
governador resolveu dar ênfase ao que chama de “agenda positiva”. Para tal,
passou a anunciar todos os dias, ações paliativas que apostam ser do agrado da
população mais humilde do estado.
As cobranças às atitudes do seu secretariado e pessoas
próximas, como os comissionados, também foram reforçadas. Como ainda não sabem
de onde surgem tantos problemas, estão tentando identificar se eles estão sendo
provocados por falhas na estrutura central de seu motor. Para tal, foi
anunciado que ocorreriam, ainda esta semana, mudanças na Saneago e no Detran.
Já adiantando o anúncio de que até junho, serão mudados os chefes da Agecom e
da Sefaz. Como estandarte de missão positiva, também foi anunciado a quitação
de débitos do Ipasgo.
Tentando evitar a queda e alcançar maior altitude neste ano
bastante complicado, a CPI da Assembléia de Legislativa de Goiás, pretende ser
um contraponto à CPMI do Cachoeira. Mesmo não sabendo onde esta a pane, os
governistas acreditam que em momento nenhum, Marconi Perillo, esteja
enfrentando um momento complicado e que o estado não está em meio a nenhum tipo
de risco. Deixam claro, que Goiás tem um “céu de brigadeiro” para voar rumo ao
progresso sem risco nenhum.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/58311/Goi%C3%A1s-um-governo-sem-h%C3%A9lices.htm