Não é difícil prever situações em Goiás em momentos como
este. A lógica encaminha todos os pensamentos a uma só direção. Carlos Alberto
Leréria, um nome conhecido nas "terras
cearradus", começa a sentir nos ombros, o peso do abandono de seu partido, o
PSDB.
Defensor explosivo de todas as ações do governador Marconi
Perillo, Leréia era o cara que estava sempre por perto, para assumir
publicamente, a responsabilidade de dizer que rosa era azul, caso seu patrão o
dissesse. Ele serviu mais como uma espécie de “leão-de-chácara” do que como
deputado. Talvez tenha sido mais útil assim para o governo, do que para a
população de maneira geral.
Apesar dos anos de atuação na política, Leréria não possui
um currículo de grandes serviços ou benefícios a Goiás. Suas ações limitaram-se
a aparecer mais em fotos, sobre um dos ombros do governador, bater em
desafetos, criticar qualquer um ameaçasse a segurança do intocável tucano e
fazer piadinhas de ataque a outros políticos. O deputado, talvez seja o mais
caricato deputado do Brasil. Quando afirmo isso, é claro que não estou
desmerecendo o igualmente hilário, Túlio Isac, também do PSDB. Mas, respeito o Tiririca.
Mas uma coisa foi bem vista em Leréria nos últimos dias. Ele
é um cara amigão! Um parceirão. Pau pra toda obra. Ele é tão amigo, que
anunciaram que ele tinha até um cartão de crédito bacaninha, para uso
ilimitado, cedido gentilmente por seu amigo de mais de 25 anos, Carlinhos
Cachoeira. Cachoeira, o governador paralelo do estado, reconheceu a canina
benevolência nas ações do deputado e o agraciou com esta regalia. Coisa simples
do tipo que qualquer amigo ofereceria a outro.
Depois de comprovadas suas ligações ao empresário, bateu o
pé e foi o único que assumiu desde o início, a proximidade que mantinha com o
bicheiro. Esse mérito, ninguém pode retirar de Leréia. Manteve-se firme, foi
criticado, acusado e agora se vê em uma sinuca de bico. Mas esteve e está firme
em seu posicionamento.
Dono de uma personalidade um tanto quanto afoita, Leréia
usou de seus impulsos para defender o governo e seus membros de maneira
prontificada. Sempre compôs a linha de frente das guerras palacianas. Mas
agora, essa virilidade e prazer para debater e brigar, poderá ser como um forte
morteiro que poderá se virar, a qualquer momento, para seus compatriotas.
Disposto a encarar mais um combate, agora em nome próprio, o
deputado dá sinais claros de intolerância com relação a possibilidade do pedido
de afastamento da legenda ou da sua possível expulsão, “irá soltar o verbo”,
como foi publicado no Blog do Noblat, nesta terça-feira.
Segundo a Folha apurou com integrantes do
partido, Lereia tem dito internamente que, se o caso dele for conduzido para
licença ou expulsão, ele vai "soltar o verbo" para que o governador
de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) tenha o mesmo tratamento.
Não restam dúvidas, se seguirmos ao pé da letra as
afirmações de Leréria no trecho citado, que ele sabe muita coisa que poderia
deixar o governador Marconi Perillo, em uma situação ainda mais complicada. Ele
sempre foi considerado como “de dentro da cozinha” do governo.
Imagine então, toda uma mágoa, raiva, desprezo, humilhação e
ingratidão que ele possa acreditar que seu partido nutre por ele, canalizada em
forma de revelações e acompanhadas de algum tipo de prova, centradas em ataques
múltiplos às hordas palacianas. O que seria que Leréria teria a dizer que
poderia colocar Marconi Perillo, como merecedor “do mesmo tratamento” que se
refere? Agora, imagine se todos os afastados, na tentativa de sacrificar as
castas mais baixas para não prejudicar o governo, se virarem contra a cadeira
verde, e disparassem seus mísseis. Quais seriam as proporções deste estrago?
Os correligionários talvez não prestaram a atenção a este
detalhe. Leréia era um importante general do atual governo. Suas ações, da
maneira como caminham as coisas, poderia minar ainda mais o solo da situação e
ainda, de quebra, motivar mais rebeldes, a segui-lo. Pelo visto, é neste
momento da brincadeira que começam a surgir, as munições “traçantes”, vindas
dos aliados de primeira mão. Vulgarmente conhecidas como fogo amigo, neste
caso, fogo de futuro “ex-amigo”.
Mais cedo ou mais tarde toda essa "cachoeira" de corrupção será desmascarada. É possível esconder crimes por muito tempo, mas para sempre não! Espero que um dia possamos ver todos os corruptos condenados. Parece utópico, mas eu realmente gostaria de ver isso acontecendo... Ótima análise do caso, Souza Filho. Parabéns!
ResponderExcluir