terça-feira, 8 de maio de 2012

Leréia: uma nova arma contra o governo




Não é difícil prever situações em Goiás em momentos como este. A lógica encaminha todos os pensamentos a uma só direção. Carlos Alberto Leréria, um nome conhecido nas "terras cearradus", começa a sentir nos ombros, o peso do abandono de seu partido, o PSDB.

Defensor explosivo de todas as ações do governador Marconi Perillo, Leréia era o cara que estava sempre por perto, para assumir publicamente, a responsabilidade de dizer que rosa era azul, caso seu patrão o dissesse. Ele serviu mais como uma espécie de “leão-de-chácara” do que como deputado. Talvez tenha sido mais útil assim para o governo, do que para a população de maneira geral.

Apesar dos anos de atuação na política, Leréria não possui um currículo de grandes serviços ou benefícios a Goiás. Suas ações limitaram-se a aparecer mais em fotos, sobre um dos ombros do governador, bater em desafetos, criticar qualquer um ameaçasse a segurança do intocável tucano e fazer piadinhas de ataque a outros políticos. O deputado, talvez seja o mais caricato deputado do Brasil. Quando afirmo isso, é claro que não estou desmerecendo o igualmente hilário, Túlio Isac, também do PSDB. Mas, respeito o Tiririca.

Mas uma coisa foi bem vista em Leréria nos últimos dias. Ele é um cara amigão! Um parceirão. Pau pra toda obra. Ele é tão amigo, que anunciaram que ele tinha até um cartão de crédito bacaninha, para uso ilimitado, cedido gentilmente por seu amigo de mais de 25 anos, Carlinhos Cachoeira. Cachoeira, o governador paralelo do estado, reconheceu a canina benevolência nas ações do deputado e o agraciou com esta regalia. Coisa simples do tipo que qualquer amigo ofereceria a outro.

Depois de comprovadas suas ligações ao empresário, bateu o pé e foi o único que assumiu desde o início, a proximidade que mantinha com o bicheiro. Esse mérito, ninguém pode retirar de Leréia. Manteve-se firme, foi criticado, acusado e agora se vê em uma sinuca de bico. Mas esteve e está firme em seu posicionamento.

Dono de uma personalidade um tanto quanto afoita, Leréia usou de seus impulsos para defender o governo e seus membros de maneira prontificada. Sempre compôs a linha de frente das guerras palacianas. Mas agora, essa virilidade e prazer para debater e brigar, poderá ser como um forte morteiro que poderá se virar, a qualquer momento, para seus compatriotas.

Disposto a encarar mais um combate, agora em nome próprio, o deputado dá sinais claros de intolerância com relação a possibilidade do pedido de afastamento da legenda ou da sua possível expulsão, “irá soltar o verbo”, como foi publicado no Blog do Noblat, nesta terça-feira.

Segundo a Folha apurou com integrantes do partido, Lereia tem dito internamente que, se o caso dele for conduzido para licença ou expulsão, ele vai "soltar o verbo" para que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) tenha o mesmo tratamento.


Não restam dúvidas, se seguirmos ao pé da letra as afirmações de Leréria no trecho citado, que ele sabe muita coisa que poderia deixar o governador Marconi Perillo, em uma situação ainda mais complicada. Ele sempre foi considerado como “de dentro da cozinha” do governo.

Imagine então, toda uma mágoa, raiva, desprezo, humilhação e ingratidão que ele possa acreditar que seu partido nutre por ele, canalizada em forma de revelações e acompanhadas de algum tipo de prova, centradas em ataques múltiplos às hordas palacianas. O que seria que Leréria teria a dizer que poderia colocar Marconi Perillo, como merecedor “do mesmo tratamento” que se refere? Agora, imagine se todos os afastados, na tentativa de sacrificar as castas mais baixas para não prejudicar o governo, se virarem contra a cadeira verde, e disparassem seus mísseis. Quais seriam as proporções deste estrago?

Os correligionários talvez não prestaram a atenção a este detalhe. Leréia era um importante general do atual governo. Suas ações, da maneira como caminham as coisas, poderia minar ainda mais o solo da situação e ainda, de quebra, motivar mais rebeldes, a segui-lo. Pelo visto, é neste momento da brincadeira que começam a surgir, as munições “traçantes”, vindas dos aliados de primeira mão. Vulgarmente conhecidas como fogo amigo, neste caso, fogo de futuro “ex-amigo”.  

Um comentário:

  1. Mais cedo ou mais tarde toda essa "cachoeira" de corrupção será desmascarada. É possível esconder crimes por muito tempo, mas para sempre não! Espero que um dia possamos ver todos os corruptos condenados. Parece utópico, mas eu realmente gostaria de ver isso acontecendo... Ótima análise do caso, Souza Filho. Parabéns!

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