domingo, 30 de maio de 2010

Contra fatos não há argumentos (II)


O fato mais comentado dos últimos dias, sem sombra de dúvidas, é o relatório do TCE sobre as contas do Estado. Os números apresentados são resultantes da investigação contábil, cujo objetivo era apurar quais governos foram responsáveis pela dívida do Estado. É alegado que quando Alcides Rodrigues (PP) assumiu por nove meses, o governo em abril de 2006, para concluir o mandato de seu antecessor, teria recebido o Estado com as contas em dia. Dentro destas contas estariam inclusas salários, programas sociais e fornecedores. Isto seria espetacular, caso fosse verdade.

O relatório do TCE aponta claramente que durante o atual governo as contas foram equilibradas. Acredito que isso não seria anunciado, caso existisse alguma névoa de dúvida. No período em que assumiu o Palácio das Esmeraldas, Alcides Rodrigues se deparou com uma folha por pagar. Esta folha tinha R$ 50 milhões de atrasos. Além disso, seu antecessor havia feito uma especial antecipação de receita, arrecadando o total de R$ 114 milhões em ICMS.

Logicamente a investigação se estende há tempos mais remotos. Chega então às administrações do PMDB. No período que governaram, as leis eram mais frouxas ou quase inexistentes no que tange a responsabilidade fiscal. De 1991 a 1998, era comum a prática de antecipação de receita. Em cinco anos, foram antecipados mais de R$ 500 milhões em ICMS. Então, vejamos se isso tudo vem de pleitos antigos, por qual motivo a administração do PSDB não conseguiu reduzir esses números?

Por vezes, estrategicamente tentam comparar a realidade de nosso Estado com a situação encontrada por presidentes de outros países. Mas então analisemos quais seriam as reais condições de um país como os Estados Unidos em relação a um estado como Goiás. É lógico que, ao nos remetermos aos EUA, falamos de cifras muito maiores, assim como de problemas de outras dimensões, arrecadação diferenciada, sistema político diferente e um contexto cultural adaptado à realidade daquele país. Mediante a isso, não é necessário atravessar fronteiras para entender qual seria, verdadeiramente, o entrave que não permitiu que Marconi Perillo solucionasse os problemas que agora tentam jogar para o PMDB.

É preciso lembrar que o próprio senador bateu o pé e fez questão de que a avaliação do TCE fosse feita com urgência. Mas o relatório comprovou, até agora, que a dívida do Estado dobrou de 1999 a 2006, exatamente na gestão tucana. Passou de R$ 5 bilhões para R$ 12 bilhões. O mais engraçado é que, quando viram os números expostos, admiradores estratégicos de Marconi passaram a redigir novas desculpas, em vários veículos e de várias formas. Alguns chegaram a perguntar onde estaria o tal “déficit” de R$ 100 milhões mensais herdado por Alcides. Ingênuos como o falecido Antônio Carlos Magalhães, o velho ACM, eles “esqueceram” que a antecipação feita por seu chefe, além de out ras coisas, serviu para “maquiar” o déficit.

Intrigante também é o fato de questionarem o governo sobre o tal rombo e, em seguida, apresentarem desculpas esfarrapadas perante os resultados apresentados pelo TCE. Recordo-me de que, quando exigiram a investigação, os tucanos reconheciam a existência do déficit, mas que o responsável por ele era a atual gestão, e não do senador, o verdadeiro “pai da criança”.

Não é difícil entender o jogo do tucanato. Primeiro, a culpa era do atual governo. Então exigiram o TCE na missão. Depois, viram que o íntegro e responsável Alcides Rodrigues arrumou, com muito trabalho e seriedade, o cofre furado que herdou. Aí os tucanos recuaram e colocaram a culpa no PMDB. O discurso simplório e malfeito é que foi o PSDB que pegou um Estado quebrado. Para não ficaram “por baixo”, voltaram-se para o governo para perguntar sobre o déficit de R$ 1,8 bilhão no total, escancaradamente exposto na Assembleia Legislativa, no próprio TCE e na Secretaria da Fazenda. Para confundir o eleitor, espertamente – como é de se aguardar de tucanos – esperaram a proximidade das eleições para apimentar o caldo. Mas, como engordaram demais a esperteza, viraram vítimas de seu próprio ardil.

O presidente da CPI do Endividamento, deputado Cláudio Meirelles (PR), anunciou na ultima semana que mais dois documentos sobre as investigações serão apresentados em breve. Um dos documentos, segundo ele, trará dados analisados sobre a dívida flutuante e dados da Fipe, contratada para auxiliar nas investigações; o outro apontará os dados gerais sobre o endividamento de 1991 até agora. Será que desses documentos pode sair mais tiros no pé dos próprios tucanos (há tucanos em vários partidos, inclusive no PR) e mais alguma coisa que pese contra o PMDB? Mas a pergunta básica e objetiva é: por que Marconi, que teve dois mandatos nas mãos, não conseguiu arrumar a “casa”? Coisas que só um profeta, daqueles barbudões que vêem passado e futuro – só – quando querem, pode explica r.

Talvez o tucano não seja tão bom gestor como muitos estrategicamente dizem que ele é. Talvez seja um estrategista mediano. Prova disso é que colocou seus seguidores para questionar a legitimidade dos dados do TCE, já que os números não foram tão favoráveis às suas falácias. O objetivo é evidente; parecer que o relatório não tem a clara intenção, desde o nascedouro, de culpar o PMDB pela gigantesca dívida de Goiás. Pois é...

Enquanto isso, sob a batuta e competência de Alcides Rodrigues e sua equipe, Goiás cresce e hoje é respeitado nacionalmente por sua responsabilidade contábil. Líderes e instituições ressaltam Brasil afora a revolução na imagem de Goiás, resultado do trabalho honesto de Alcides, que percebeu que o povo está cansado de arrogantes e duvidosos em suas intenções, cansado de gente que promete de cheque-muro a cheque-computador. Só a Justiça é o limite pra essa gente!

Este artigo foi publicado no Jornal Diário da Manhã no dia 27/05/10

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