quarta-feira, 16 de março de 2016

É lula lá e Aécio também

   Na grande ciranda de acusações, apontamentos, documentos e investigações que tomaram conta do topo da política brasileira, sendo o tema mais discutido na atualidade, ganhando até repercussão fora do Brasil, eis que se abre mais um capítulo desta estória, que parece não ter fim.

   No início encontraram a ponta de um novelo emaranhado. Puxaram, puxaram e nomes começaram a surgir. Na lista gigantesca, apareceram até Fulano e Ciclano ladeando nomes de alta patente de construtoras, estatais, presidência da República e o famoso, Zezinho das Couves.

   As torcidas foram se organizando à medida que novas acusações ou provas surgiam. Um saiu do status de presidente e assumiu o posto de “trombadinha”. Sendo acusado até de pequenas faxinas, de onde algumas “coisinhas” sumiram e foram parar em um cofre. Detalhe; as pistas com apontamentos de onde estavam essas “coisinhas”, contou até com bilhete.

   Estes elementos, todos unidos, mais lembram uma incrível obra de Francis Ford Coppola. A coisa está realmente tomando ares cinematográficos. Saindo do Apogeu e caindo diretamente no Tártaro, estava uma das personalidades mais populares da nossa história. O ex-presidente, Lula.

   No meio das exclamações de “quem diria” ou “eu já sabia”, Lula tornou-se o alvo das lentes, microfones, olhares e apontamentos do Brasil. Em uma cena, era possível ver um Partido dos Trabalhadores, chegando cada vez mais perto da total desgraça. Em outro frame desta sequência, alguns experientes políticos tentaram tirar proveito da situação e reforçar mais suas pré-candidaturas. Afinal de contas, este poderia ser o melhor momento para isto.

   Enquanto alguns buscavam a redenção e outros a atenção para seus propósitos, saindo ali bem de fininho, sem querer dar muita conversa, entrevista e rezando para tudo quanto é santo para que fossem esquecidos e se safarem, pelo menos desta vez - já que a coisa estava bem feia - eis que alguém arremessa coliformes em ondas de deslocamento de ar provocados por um grande ventilador, e a coisa esborrifa em todo mundo.

   A palavra, Delação Premiada, quase foi substituída no Aurélio, por sinônimos sintomáticos de diarreia, ânsia de vômito, calafrios e tremores, facilmente confundidos com os sintomas do Zika vírus. Porém, o mosquitão não era o Aedes Aegypti, era o Delcídio.

   Com as palavras do senhor rechonchudo e de cabelos grisalhos, a espinha de várias feras, que antes urravam a vitória, gelaram. Os sorrisos pertinentes no rosto, mesmo enquanto estava sendo vaiado nas manifestações de domingo, desapareceram da face de Aécio, por culpa dos lábios de Delcídio. Agora a fera mia.

   Por esta ninguém esperava. Mas foi o que aconteceu. O Lula foi chamado lá. Pelo visto, o Aécio vai também. Enquanto não se sabe o que ainda vem por ai, é possível ver um monte de gente graúda correndo de um lado para outro. E pelo visto, não estão treinando para as Olimpíadas.

terça-feira, 15 de março de 2016

Caras pintadas ou maquiadas?

   
      A última semana foi de grande euforia no cenário político brasileiro. As manifestações, ditas contra a corrupção tomaram conta das redes sociais, sendo o tema preferido das postagens, fotos, debates e transformando cada cidadão brasileiro em especialista econômico e político, exercendo seu direito à cidadania.
     Em meio a este tremular de brados de revolta contra a corrupção e impunidade, várias foram as faces desconhecidas do mundo virtual que ganharam virilidade em seus anseios e bastantes curtidas, a cada nova publicação.
   A população brasileira foi para as ruas tentando colocar em prática tudo o que ensaiou durante algum tempo, na esperança de tornar empíricas as teorias que foram cuidadosamente articuladas e planejadas.
    Antes desse povo todo chegar às ruas, a revista Veja se antecipou e preparou uma pesquisa, revelando o perfil da maioria dos manifestantes.  Os números apresentados são surpreendentes. Com uma média de idade de 44 anos, mais de 82% cursando nível superior e cerca de 70% deles, com ganhos na média de quase R$ 3 mil por mês e 20,5% apresentando renda familiar acima de R$ 14.501.
      Diante destes números, pude ter uma boa desculpa para dar aos amigos para justificar a minha – não notada – ausência das manifestações. Sabe como é, sou um integrante daquela outra parte que não foi vista nas ruas.
     Como disse uma colega hoje na redação: “Se você vê os erros petistas, automaticamente as pessoas te julgam como tucano.” Verdade! Pois este é o pensamento comum, quando se politiza a crise.
       Assim como não fui, também não vi pessoas mais simples – ou feinhas como eu – no meio da galera. Mas, por qual motivo? O que levou ou o que não levou a minha gente para as ruas? A galera da 4ª série, os sem tratamento dentário ou médico, a turma do cabelo bagunçado e esganiçado, do salário mínimo (ou abaixo dele), para as ruas?
     Será que houve interesses diferentes, entre aqueles que fizeram parte da manifestação, considerada como a mais “elitizada” desde 2013, ou apenas os de melhores condições financeiras se sentiram indignados com tudo que está acontecendo?
     Em 2013, a maior preocupação das pessoas que foram para as ruas era a de ter a foto mais bacana para postar no Facebook e no Instagram. E desta vez, o que mais parece ter prevalecido, foi a indignação latente do: “Com que roupa eu vou?”