terça-feira, 15 de março de 2016

Caras pintadas ou maquiadas?

   
      A última semana foi de grande euforia no cenário político brasileiro. As manifestações, ditas contra a corrupção tomaram conta das redes sociais, sendo o tema preferido das postagens, fotos, debates e transformando cada cidadão brasileiro em especialista econômico e político, exercendo seu direito à cidadania.
     Em meio a este tremular de brados de revolta contra a corrupção e impunidade, várias foram as faces desconhecidas do mundo virtual que ganharam virilidade em seus anseios e bastantes curtidas, a cada nova publicação.
   A população brasileira foi para as ruas tentando colocar em prática tudo o que ensaiou durante algum tempo, na esperança de tornar empíricas as teorias que foram cuidadosamente articuladas e planejadas.
    Antes desse povo todo chegar às ruas, a revista Veja se antecipou e preparou uma pesquisa, revelando o perfil da maioria dos manifestantes.  Os números apresentados são surpreendentes. Com uma média de idade de 44 anos, mais de 82% cursando nível superior e cerca de 70% deles, com ganhos na média de quase R$ 3 mil por mês e 20,5% apresentando renda familiar acima de R$ 14.501.
      Diante destes números, pude ter uma boa desculpa para dar aos amigos para justificar a minha – não notada – ausência das manifestações. Sabe como é, sou um integrante daquela outra parte que não foi vista nas ruas.
     Como disse uma colega hoje na redação: “Se você vê os erros petistas, automaticamente as pessoas te julgam como tucano.” Verdade! Pois este é o pensamento comum, quando se politiza a crise.
       Assim como não fui, também não vi pessoas mais simples – ou feinhas como eu – no meio da galera. Mas, por qual motivo? O que levou ou o que não levou a minha gente para as ruas? A galera da 4ª série, os sem tratamento dentário ou médico, a turma do cabelo bagunçado e esganiçado, do salário mínimo (ou abaixo dele), para as ruas?
     Será que houve interesses diferentes, entre aqueles que fizeram parte da manifestação, considerada como a mais “elitizada” desde 2013, ou apenas os de melhores condições financeiras se sentiram indignados com tudo que está acontecendo?
     Em 2013, a maior preocupação das pessoas que foram para as ruas era a de ter a foto mais bacana para postar no Facebook e no Instagram. E desta vez, o que mais parece ter prevalecido, foi a indignação latente do: “Com que roupa eu vou?”





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