Em meio a este tremular de brados de revolta contra a
corrupção e impunidade, várias foram as faces desconhecidas do mundo virtual
que ganharam virilidade em seus anseios e bastantes curtidas, a cada nova
publicação.
A população brasileira foi para as ruas tentando colocar em
prática tudo o que ensaiou durante algum tempo, na esperança de tornar
empíricas as teorias que foram cuidadosamente articuladas e planejadas.
Antes desse povo todo chegar às ruas, a revista Veja se
antecipou e preparou uma pesquisa, revelando o perfil da maioria dos
manifestantes. Os números apresentados
são surpreendentes. Com uma média de idade de 44 anos, mais de 82% cursando
nível superior e cerca de 70% deles, com ganhos na média de quase R$ 3 mil por
mês e 20,5% apresentando renda familiar acima de R$ 14.501.
Diante destes números, pude ter uma boa desculpa para dar
aos amigos para justificar a minha – não notada – ausência das manifestações.
Sabe como é, sou um integrante daquela outra parte que não foi vista nas ruas.
Como disse uma colega hoje na redação: “Se você vê os erros
petistas, automaticamente as pessoas te julgam como tucano.” Verdade! Pois este
é o pensamento comum, quando se politiza a crise.
Assim como não fui, também não vi pessoas mais simples – ou
feinhas como eu – no meio da galera. Mas, por qual motivo? O que levou ou o que
não levou a minha gente para as ruas? A galera da 4ª série, os sem tratamento
dentário ou médico, a turma do cabelo bagunçado e esganiçado, do salário mínimo
(ou abaixo dele), para as ruas?
Será que houve interesses diferentes, entre aqueles que
fizeram parte da manifestação, considerada como a mais “elitizada” desde 2013,
ou apenas os de melhores condições financeiras se sentiram indignados com tudo
que está acontecendo?
Em 2013, a maior preocupação das pessoas que foram para as
ruas era a de ter a foto mais bacana para postar no Facebook e no Instagram. E
desta vez, o que mais parece ter prevalecido, foi a indignação latente do: “Com
que roupa eu vou?”
Nenhum comentário:
Postar um comentário