quinta-feira, 29 de abril de 2010

Eu respeito Iris


Ainda me lembro, pelo menos um pouco, da campanha de Iris Rezende Machado em 1982. Eu tinha lá meus seis anos de idade. Carregava comigo sempre uma pasta, presa por duas borrachinhas elásticas, recheada de “santinhos” e cartazes e qualquer outra coisa que se referia a Íris. Cresci ouvindo dizer que ele e meu finado avô eram amigos de longas datas. Alguma coisa me chamava a atenção naquele homem, que aparecia com a face estampada, em impressões vermelhas e meio quadriculadas. Confesso que eu não entendia nada de política e ainda não entendo. Mas eu gostava daquele clima. Ruas entupidas de papéis jogados no chão. O povo gritando de maneira entusiasmada. E por vezes, o entusiasmo era tão grande, que se podia ver até mesmo alguns “empurrões”.

Algumas cenas não saem da minha mente. Mesmo ainda sendo pequeno e catarrento, lembro-me dos comentários que ouvia sobre os “mutirões”. Alguns diziam que ele jamais deveria segurar na enxada, empunhar a pá e participar da “muvuca”. Afinal de contas, ele era o Governador. A primeira televisão da minha casa era colorida. Acho que tive sorte. Assisti, em cores, os programas de TV falando sobre o Governador. Recordo que sempre haviam pessoas sorrindo do lado dele. A alegria parecia ser algo espontâneo. Mil casas em um só dia. Mil famílias auxiliadas por um novo governo que todos acreditaram que mudaria os rumos de Goiás. Acredito que mudou.

As casas não eram bonitas, mas eram melhores do que tábua e lona. Com o passar do tempo “descobriram” que elas eram de placas de cimento. Disseram que eram frias e mal acabadas. Mesmo falando tantas coisas sobre elas, o sorriso daquela gente e seu esforço para abraçarem Íris e carrega-lo nos ombros, nunca saíram das minhas lembranças. Assim como a Vila Mutirão que nunca saiu do mapa de Goiânia.

De 82 para cá, vi muita coisa que chegou ao nosso Estado, devido ao empenho e esmero dele. Goiás passou a fazer parte de um cenário nacional. Vimos a poeira sumir e o asfalto surgir. Dizem que o asfalto era ruim. Mas e daí? Quem havia feito isso antes? Talvez seja mais fácil falar de algo que fizeram do que se fazer algo melhor. Pelo menos eu, não andava mais de bicicleta, vigiado pela minha mãe sentada no portão de casa, em uma rua cheia de buracos. Meus domingos eram assim; alegria de poder andar com minha “Caloizinha” de manhã e tristeza de ter o traseiro doendo a noite, por conta das “costelas de vaca” que se formavam com a água do esgoto que abria pequenas e grandes valas no terrão.

Não tenho mais a minha velha pasta cheia de tranqueiras de campanha. Sei que não divido as mesmas opiniões políticas de Íris da mesma forma que dividia quando tinha seis anos. Mas sei que tenho por ele um respeito profundo pela série de coisas que fez pelo meu estado e minha cidade. Sei que ensinou muita coisa a vários políticos que aprenderam com ele. E que até seus erros, contribuíram como experiência para os que vieram depois. Realmente, ao analisar sua caminhada até os dias de hoje, dou razão a quem diz que Iris “abriu as porteiras de Goiás”. Não é a toa que seu nome é conhecido assim como seu partido. Mesmo com as opiniões diferentes que tenho hoje sobre política, o ex-prefeito de minha cidade, tem de mim, um respeito ainda maior.

Souza Filho
www.twitter.com/souzafilho50

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