quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Oposição X Situação



Idos 20 dias de um novo governo, muito se espera das ações e cumprimento das promessas de campanha do atual governador. Grande é expectativa sobre suas decisões e acompanhadas de perto pelos olhos atentos e línguas bem afiadas, dos que se dizem interessados, atentos, amigos, parceiros e opositores. O primeiro mês de todo início de mandato de qualquer líder, é sempre uma tormenta para se alinhar todas as informações e tomar-se ciência daquilo que passará a ser regido. Porém, o grande número de informações contidas em um Estado passa a tomar forma em um período que requer um pouco mais de tempo.


Enquanto este tempo não vence o relógio ou os quadrados numerados de calendários, a administração de todo município, passa a enxergar “certo eclipse” administrativo. Prefeituras agem com a incerteza, da estabilidade ou não, de suas administrações realizadas neste intervalo de dois anos entre as eleições municipais e estaduais. Verbas, apoios, obras, alianças e outros temas políticos, povoam e pesam o ar de muitas prefeituras. O receio de ações que cada um carrega, pode afetar de maneira crucial, uma possível “amizade” para o próximo pleito.


Este pensamento e muito menos estas ações, não são incomuns na política. Ao olhar para a “cadeira verde”, verão uma pessoa que teve a oportunidade de assumir o posto pela terceira vez. Um fato não muito fácil de realizar. Verdade seja dita. Para muitos aliados isto é um alívio, pois carregam a sensação de dever cumprido e de terem conquistado a vitória de ter elegido seu representante pelas urnas. Mas este alívio alheio pode ser uma mola propulsora para as observações mais “apimentadas” dos que ficaram do outro lado, o lado de fora.


As eleições de 2010 tiveram um início precoce. Os ânimos foram exaltados bem antecipadamente. Isso gerou, é claro, o conhecido desgaste comum nesses momentos, juntamente com algumas outras novidades, que foram presenteadas surpreendentemente, a todo eleitorado e principalmente àqueles que acompanham a política de uma posição mais participativa e privilegiada.


Tudo bem que estas surpresas não foram assim tão inéditas neste contexto, mas sempre servem como uma pitada de “modernidade” ou de “diferencial” desta ou daquela campanha anterior. Mas vejamos; se temos um governador no seu terceiro mandato, e que no intervalo de sua administração, enquanto estava no Senado, conseguiu eleger seu vice ao cargo máximo do Estado, falamos de alguém que deve ter muitos amigos e consequentemente, muitos inimigos também. Certo? Pelo visto não.


O que se vê, não é uma oposição. Não que eu seja a favor de oposições ou não, mas meu entendimento sobre elas, é que “elas” deveriam se ácidas contra a situação. Pelo menos seria esta a regra mais comum de entendimento em qualquer lugar da Federação. Goiás saiu na frente presenciando a novíssima “Oposição Inteligente”. Bacana isso não é verdade? Mas... O que seria uma “oposição inteligente”? Seria uma oposição contraditória ao seu verdadeiro sentido, ou seria aquela oposição que se diz moderna e que subjugou as oposições anteriores, chamando-as de “burras”?


Confesso que ainda não encontrei a resposta para esta pergunta que me faço todos os dias. Sei que não sou nenhum gênio então entrego os pontos. Eu não sei o que é uma “oposição inteligente”. Aqui, de minha cadeira, acredito que partidos deveriam apresentar o seu melhor para oferecer à população. Não é uma questão de que a “bola é minha” e se não for como que quero “ninguém brinca”. Um representante de oposição assumir uma cadeira no governo de situação, tem peso maior do que aquilo que esta pessoa pode fazer ou não pela sociedade, ou tudo isto é apenas um jogo de cena, para que partido A ou B, se julgue traído e condene o outro como traidor?


É uma ciranda onde mudam apenas o interesse de quem sentará desta vez. O discurso sem fundamentação lógica, beira o ridículo. Ataques a membros partidários, oposição, governo e a qualquer outro que vá na contramão de seus interesses por pura falta de argüir, é uma maneira de tentar buscar uma notoriedade não merecida. Goiás possui um partido órfão. Seus atos impensados, de cúpula a baixo-clero, não condizem mais com o peso de seu nome. Promovem discussões políticas como se elas fossem rixas entre gangues de rua, o que apenas serve para se perder um tempo precioso, com ações inteligentes, que de fato sirvam para alguma coisa proveitosa.


Não digo para que não exista oposição. Ela pode até ser importante. Mas apesar de meu pensamento, contrariar a muitos, ainda acho que o melhor seria a unanimidade das ações partidárias em prol de quem os elege. Quando se discute muito sobre o cargo que ganhou ou pelo que foi perdido, nada acrescenta na melhoria de suas administrações ou no desejo de administrar de quem não teve a oportunidade. Não é este ou aquele político que prejudica a sociedade. Quem prejudica, reafirmo que a meu ver, são as idéias engessadas de partidos estagnados, estando eles no poder ou não.


A oposição é necessária assim como situação representa a intenção da maioria. Um é o contrapeso do outro. Por isso existe o voto. Mas isto não necessariamente sugere uma guerra de interesses extremos. Quem se opõem que o faça de maneira coerente. E quem administra que o faça de maneira responsável. Se as duas partes cumprirem seu papel, teremos um Estado politicamente equilibrado e partidos realmente úteis e funcionais. Oposição não significa ser “apelação” e situação jamais deve ser confundida com “dominação”.

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