sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Quem é o marginal?

Brilhante e perspicaz. É assim que qualificam a operação da Polícia Federal. A ação batizada de “Sexto Mandamento” buscou desmantelar e prender militares membros de “supostos” grupos de extermínio. A ação é legal e necessária. Se existem abusos, estes abusos devem ser cessados.

A Operação levou à prisão, vários policiais militares das mais variadas patentes, dos mais rasos aos mais graduados. Uma coisa linda! Anos de investigações, estudos, grampos telefônicos, documentos, provas e blá blá blá. Coisa de cinema. Moral da história: Goiás nas manchetes (novamente fazendo cagada), militares marginalizados (não digo que não existam culpados ou errados), fogos de artifício (bum, bum, bum) e a notícia na mídia durante vários dias. E agora? O que de fato aconteceu? “Mermão, de qual que é a parada”?

As opiniões das pessoas tomam as mais variadas vertentes. Os militares presos, já foram algemados e imediatamente condenados pela grande massa da opinião publica, antes mesmo de serem embarcados pela “gloriosa, competente, límpida e transparente POLÍCIA FEDERAL”.

Os melhores investigadores do país estão lá. Os melhores delegados estão lá. Os melhores agentes estão lá. E foram estes “melhores” que tiveram participação nas ultimas ações da PF no Estado. Quem se lembra da operação realizada na cidade de Jaraguá no primeiro semestre de 2010? Acho que se chamava Piratas SA. Aquela ação que queria acabar com a pirataria têxtil na cidade. Lembrou? Aquela ação que mostrou imagens de policiais federais invadindo residências, acho que tinham mandato. Que tinha aquele, altamente preparado policial federal, apontando uma arma para duas meninas deitadas no chão ainda com suas roupas de dormir. Que filmaram imagens de homens e mulheres sendo retirados de suas camas, à força, logo no amanhecer do dia. Cheguei até a escrever algo sobre o assunto aqui http://pontogeral2.blogspot.com/2010/04/piratassa-acao-nao-legitimada-pelo.html

Mas voltemos ao assunto da moda. O Sexto Mandamento parece ter nascido no meio de um furacão, onde algumas pessoas chamam de justiça e outras de politicagem.

De um lado estão familiares de pessoas desaparecidas. Algumas sem terem pistas e talvez esta pudesse ser a hora de colocar a culpa em alguém. Azar herdado pelos militares acusados. Ou seja, acusaram os caras, até mesmo de crimes que ainda não tiveram suas investigações concluídas. Lógico, eles foram colocados como “suspeitos”. Mas “suspeito” pode ser qualquer um. Pode ser eu ou até mesmo você. Nõ desrespeito a dor destas famílias, mas acho que alguns, não todos, mas alguns, aproveitaram o fato para buscarem um alento sentimental ou espiritual, para atribuir a “investigados” a culpa pelo desaparecimento de seus entes.

Do outro lado, temos a ala militar. Pais, mães, filhos, irmãos, irmãs... Ou seja, mais gente que também busca justiça. Mas de qual justiça estão falando? Milhares de homens e mulheres promovem a segurança pública de Goiás todos os dias. Estas pessoas também tem família. Mas e daí? Para a grande maioria das massas isso não importa. A população põem a boca no mundo e fala sua opinião. Camarada teve carro multado, caiu em blitz, levou baculejo ou qualquer coisa do tipo e já acredita que a polícia é corrupta. Isso é natural nessa minha gente. Cidadão não se sente satisfeito com algo do Estado em que reside e já veste logo a beca de juíz e manda todo mundo pro pau. Execução sumária. “Polícia é tudo bandido”. Para muitos esta é a regra.

Noticiaram que muitos desaparecidos não possuíam passagem pela polícia. Mas quantos marginais estão à solta e que nunca foram presos. Então eles são “ficha limpa” não é verdade? Até procuro evitar minha opinião extrema no meu texto, para não ser chamado de anti-Cristo. Mas enquanto cidadão, que depende de segurança pública, assim como a minha família, amigos, chegados, bródis ou seja lá o que for, me sinto igualmente indignado, tanto quanto estes que, popularmente e precipitadamente, julgaram os policiais investigados.

Aliás, as precipitações foram abundantes neste caso. É notório a intervenção política no caso. Por um lado é bom e necessária. Pois se trata de um assunto de ordem publica e interesse público. E acredito que seja para isso que existam os políticos. Não condeno a comitiva que vai até o presídio federal, em Mato-Grosso do Sul, averiguar a situação dos policiais detidos. Os direitos humanos briga pelos direitos de muitos marginais todos os dias. Se os policiais militares são mesmo assassinos, então eles são marginais. Se eles também são marginais, qual a diferença entre eles e os outros marginais presos? Então ele também tem direitos humanos. E fim de papo.

Agora, querer condenar, ainda mais os suspeitos, sendo que já foram liberados alguns deles por falta de provas, e lhes aplicar uma pena ainda maior não passa de demagogia e desconhecimento de causa.

Esta manchete suja não apenas o nome da Polícia Militar de Goiás, como também suja o nome do Estado de Goiás. O pior é que estamos na mídia o tempo todo por causa de uma ação que acontece em todos, eu digo TODOS, os estados brasileiros. Se existem policiais sendo marginalizados, o Poder Público tem que agir sim. Se existem policiais “marginais” o Poder Público tem a obrigação de agir mais ainda. Um preso comum não ostenta o nome de instituições públicas como estes militares presos. O dinheiro público é gasto com presidiários todos os dias e ninguém fala nada. Mas agora estão se achando no direito de falar da “beatificação do dinheiro público” pelo fato de políticos goianos irem até o MS averiguar as condições de membros da corporação. Eles tem que ir mesmo. São policiais nossos, que sendo culpados ou não, devem ser condenados apenas após julgamento. E são eles que representam a PMGO, sendo bons ou não.

A maior vergonha nessa história é a de misturar interesses públicos aos interesses particulares. Vergonha é tentar sujar o trabalho de um outro, apenas por interesse político, enquanto o maior problema continua sem solução. Culpar governos, ex-secretários, antigas administrações ou falar que já sabia desta investigação é fácil. Mas e as soluções?

Nesta busca insana e irresponsável de buscar culpados, misturar política com justiça, opinião pública emocionada e de literalmente tentar “fritar” adversários políticos, o assunto “Sexto Mandamento” se perde e as soluções e provas da verdade se tornam cada vez mais distantes. E digo que entre um marginal de gravata, bermudas ou de farda, prefiro o de farda. Acredito que ele tenha um pouco mais de ética que os demais.

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