quinta-feira, 29 de abril de 2010

Piratas/SA; ação não legitimada pelo excesso

Jaraguá é um município brasileiro do estado de Goiás situado no Parque Ecológico da Serra de Jaraguá. É um Município emancipado de Pirenópolis e se inclui na Microrregião de Anápolis, no Vale do São Patrício, conhecido por seu patrimônio cultural, sendo uma das cidades mais antigas do estado e por ser considerada o maior pólo de confecção do Centro-Oeste. (Wikipédia)



E justamente por causa deste título, o de Capital das confecções, uma recente operação, intitulada de Piratas/SA, buscava identificar, apreender, prender e desarticular o processo de fabricação de produtos piratas do segmento de confecções. Segundo informações da própria Policia Civil, foram mais de três meses de investigações que levaram agentes e delegados até a cidade de Jaraguá. Casas invadidas, portões e portas arrombadas e o susto de acordar sob a mira de armas, pessoas pegas de surpresa. Havia até mesmo crianças deitadas de rosto no chão, mãos da cabeça, de pijamas e armas apontadas para suas cabeças.

Foi um espetáculo com a imprensa registrando tudo; delegados dando entrevistas, gente da justiça falando sobre retaliações, população reclamando, indignação do setor e tudo mais. Coisa de cinema.

Não quero desmerecer a autenticidade da operação. Não quero desmerecer o trabalho de investigação e nem da policia. Mas fica uma pergunta; precisava de tudo isso? Isso era realmente necessário? Bom, sei que nem todos irão concordar comigo, mas eu acho que não precisava de todo esse circo.

O tempo passou e vemos apenas os comentários daquela senhora que teve os pneus rasgados, ameaças sofridas e cobra no jardim de casa. Infelizmente, o Bonner e o Jornal da Globo, falaram o nome de GOIÁS. “Mas é assim mesmo! Os goianos de Jaraguá são todos bandidos.” Foi esta a imagem exposta deste município, que tem inúmeras pessoas como nós, famílias como as nossas e orgulho como o nosso.

Até que ponto, a humilhação do povo de Jaraguá não é importante? Até que ponto, eles não tem direitos? E até que ponto eles devem ser marginalizados?

Tenho uma visão diferente sobre o fato, até perigosa de expor aqui. Mas ainda não entrou na minha cabeça esse lance de crime que eles cometeram. Não estou fazendo apologia sobre a pirataria, muito menos dando razão para que continuem. Fico então “num mato sem cachorro” para poder falar o que eu penso. Porém, vejo que a ação poderia ser necessária, mas que utilizaram de formas desnecessárias, para chegar a algum efeito.

O abuso e a soberba que foram aplicados, desqualificaram pessoas. Uma generalização sem precedentes manchou a honra de comerciantes e trabalhadores, assim como, a honra de toda uma cidade que tem grande parte de sua economia voltada ao segmento de confecções. A ação pode ter sido legítima, mas discordo em aceitar que precisava ter sido desta maneira. E proponho que antes de se pensar em pretensões políticas, deveríamos pensar primeiro, em formas de evitar um desgaste maior da imagem do município e de sua população.

Agora, quanto àqueles chamados de “piratas”, sei que possuem matéria-prima, mão-de-obra e maquinários tão bons quanto os das marcas originais que copiam. Por vezes, suas imitações são até melhores. Não seria hora então de lançarem marca própria? Assim continuariam a sustentar tanto a família quanto o município. Sem risco de serem marginalizados injustamente. Na minha opinião, acredito que o mais importante neste momento, é tentar minimizar os catastróficos efeitos provocados e trabalhar para que a imagem do município seja de prosperidade e não da vergonha que hoje sente a sua população.

Souza Filho
www.twitter.com/souzafilho50

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