segunda-feira, 12 de março de 2012

Cachoeira e as lamas de março



Certa vez, ouvi em um discurso, algumas coisas que hoje quase as confundo com profecias. Um político de “grosso calibre” antecipou narrativas sobre as atividades de Carlos Cachoeira. Um discurso firme e direcionado ao “megaputaqueparívelmentericoeinfluente” empresário. Coisas sobre suas atividades foram mencionadas e muito bem descritas. Cerca de dois anos depois, o que eu ouvi, vejo se materializar de uma maneira não tão assustadora, pois a grande maioria já desconfiava disso. Mas de uma forma que deixou muitos de cabelo em pé.  

Cachoeira é o novo jargão em qualquer roda política que se encontra pelos cafés, Câmaras, Assembléias, partidos, escritórios e comitês. Cachoeira tem uma torneira. Por enquanto, essa torneira está apenas pingando. Mas não foi preciso mais do que algumas gotículas, deste imenso reservatório, eclodirem, para gerar uma espécie de terror em vários escalões das mais altas cúpulas políticas e não foi só de Goiás não.

O empresário, hoje, é uma das pessoas em maior evidência do país. O moço fez nosso estado virar notícia novamente. O aparato para suas declarações está completo. Temos câmeras, canetas, blocos, gravadores, celulares e muito mais ouvidos e desejos aflitos de captar qualquer pequena palavra alusiva do menino.

Enquanto isso, de um outro lado da cortina, velas acesas, corrente de orações, novenas, despachos, palpitações cardíacas, tremores e temores, laranjas acionados, talvez bens transferidos, investigações, a preocupação com a própria retaguarda e mais algumas coisinhas para tentar evitar ser levado pela enxurrada dessa cachoeira.

Políticos aparecem em vídeos e se tornam alvos de jornais e investigações. Um ponto legal para ser explorado por muitos interesses. Vejamos da seguinte maneira: se eu estivesse envolvido em algo dessa natureza, cifras não declaradas de campanha, eu não gostaria nem um pouco de ser o primeiro nem o último a ser descoberto. Então, para mim, a salvação seria que outra pessoa fosse “vista”, primeiro do que eu. Automaticamente, eu sairia de fininho e apontaria meu dedo para o nariz deste “menos afortunado”. Nutriria a esperança de que todos os olhares se mantivessem nesse cidadão, para que eu caísse no esquecimento. Bom, eu acho que seria isso que eu faria. Assim eu teria mais chances de escapar, caso eu tivesse quem jogar na jaula do leão.

Outra coisa que eu não iria querer jamais era ter, horas e horas de minhas conversas particulares gravadas e investigadas. Pessoas sabendo até como são meu fogão e minha geladeira. E ter que ficar dando explicações. E falando. E ouvindo um monte de coisas.

Bom, quando falo sobre as enxurradas de março, me lembro daquela frase que o estimado professor, Roberto Melo, nos disse na sala de aula de jornalismo certa vez:
“Ninguém chega ao poder de terno branco”. Nunca me esqueci desta frase, mas admito que me esqueci o nome de quem a disse. Ponto!

Demóstenes que sempre teve uma boa atuação em sua carreira política e em seus projetos, agora parece padecer do velho e bom “fogo amigo”. Assim como Otoni. Sua presença em um vídeo, que ele alega ser de tempos atrás, e já utilizado nesse tipo de desconstrução, começa a carregar a culpa, de qualquer tipo de desastre que possa vir a acontecer, na sucessão da prefeitura de Anápolis. Isso para não falar de inúmeras outras possibilidades e formas de se “malhar o Judas” usando a foto dos dois políticos.

Bodes expiatórios, culpados, vítimas, iscas, Judas... Qual seria o melhor adjetivo para as pessoas que estão sendo arroladas neste oceano de coisas obscuras que ainda não foi totalmente navegado?

Ao julgar pelo tamanho da fortuna e influência de Cachoeira, acredito que apenas dois nomes, 300 horas de escuta e um vídeo, ainda seja muito pouco, para ficarmos apegados apenas a isso. Ainda existem muito mais coisas submersas. Quais seriam os próximos nomes, que eventualmente, poderiam aparecer nesta conspiração ou teatro político? Quem poderia ser visto de uma forma diferente? E mais; quem poderia ser o próximo a estar na mira das lentes, gravadores, olhos, bocas e ouvidos curiosos da sociedade?

Independentemente de quem seja o próximo dessa fila, sabemos que todo nome que surgir, irá influenciar ou ser influenciado, positiva ou negativamente, nas eleições de 1012 até 2014. Pelo visto, ainda haverá muita água para passar de baixo dessa ponte em março, abril, maio...

Seria aquele político, que fez o discurso relatando tudo isso, algum tipo de profeta?

Proponho então, fazermos um “bolão de apostas”.

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