Carlinhos Cachoeira será um nome dificilmente esquecido. Personagem principal de uma história que mais se assemelha a um filme de gangsteres, era praticamente desconhecido pela grande maioria dos mortais. Em pouco tempo, tornou-se o homem mais falado da atualidade. Preso na cidade de Mossoró (RN), em regime de segurança máxima, o empresário, também conhecido como bicheiro e contraventor, desencadeou com seus negócios financeiros, um dos maiores escândalos políticos da história do Brasil.
Seus negócios suspeitos passaram a ser alvo de uma investigação minuciosa, deflagrada pela Polícia Federal. Sabia-se que era um homem rico e bem sucedido. Freqüentador da alta sociedade, não só de Goiás, mas também, de vários estados onde distribuía simpatia e uma boa relação de amizade com pessoas e políticos influentes.
Mesmo estando junto com pessoas de senso aguçado, observadores atentos e carimbados, dos propósitos obscuros da raça humana, Cachoeira transitou, perambulou, se relacionou e se infiltrou na vida destes poderosos. Muitos alegam não saberem de suas atividades, ou os motivos de seu enriquecimento. Alguns assumiram publicamente, que conheciam seu histórico, mas que acreditaram de “boa-fé”, que o “boa praça e gente boa”, havia traçado uma nova vida, fora dos trâmites da ilegalidade.
Mesmo que tenham a certeza, de que o inferno está abarrotado de pessoas com boas intenções, ninguém ainda pode apontar um julgamento antecipado, a respeito de pessoas que tiveram algum tipo de ligação ou qualquer tipo de contato com ele. Esta com certeza, será uma missão para as pessoas que estão tendo um contato maior com suas declaração e porque não dizer, confissões?
Na verdade, pouquíssimas pessoas sabem ou podem imaginar o que ainda vem pela frente. Mesmo não havido rumores de nenhum tipo de declaração ou depoimento do detento, trechos das escutas telefônicas grampeadas dos aparelhos habilitados em Miami, ainda são o frisson diário dos veículos de comunicação em todo Brasil.
Ainda que no suposto silêncio do bicheiro, muitas pessoas conseguiram trazer os holofotes, da indesejada fama, para si. Deputados, chefes de gabinetes ou assessores, governadores, um senador, jornalistas, agentes da Polícia Federal, delegados, agentes da Polícia Civil e mais recentemente a credibilidade de todo alto Comando da Polícia Militar e uma promessa em série de exoneração de servidores.
Diariamente, novas denúncias colocam em xeque, a credibilidade da política, não apenas de Goiás. A cada nova informação, é possível imaginar a tensão dos nervos, dos que temem terem sido gravados. Nunca se teve tanto medo da frase: “Sorria! Você está sendo filmado”. Cachoeira não é um homem qualquer. Dotado de uma inteligência admirável, com forte atento às artimanhas de multiplicar cifras, sabia dos riscos que corria e cautelarmente, fez uma série de arquivos de vídeos, armazenando muitos detalhes de conversas e reuniões com seus amigos.
As pessoas que sabem que estão neste enredo, provavelmente, há tempo, não dormem mais como anjinhos. Sabem que a qualquer momento, uma nova bomba poderá explodir. Junto com ela, seu nome, sua família, sua carreira política, social ou empresarial. Uma trajetória inteira de fama, sucesso, regalias e poder, nas mãos de um homem subestimado e acuado em uma penitenciária. A pergunta que fica é: quanto tempo este contraventor conseguirá manter-se calado, guardando para somente para si, o destino de todas essas pessoas?
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