terça-feira, 3 de abril de 2012

Carta Capital: escondida, abduzida ou esgotada?


"Em um dia 1º de abril, prestem bastante atenção na data, em um estado chamado Goiás, diz uma lenda, que todas as revistas da Carta Capital desapareceram das bancas e dos pontos de venda. Segundo relatos da população que estava assustada e aterrorizada com essa ação súbita, carros sem placas, chegaram a estes locais e antes mesmo deles abrirem, já marcavam campana em suas portas. Assim que os estabelecimentos foram abertos, arremataram todos os exemplares da edição número 691 da revista. Nunca mais essas revistas foram vistas e a população ficou desinformada sobre o que estava acontecendo bem perto dela, naquela época."

Eu acho que seria uma boa introdução de um livro ou filme de ficção cientifica. Essas coisas futuristas. Porém este boato parece ganhar musculatura a cada dia que vem sendo propagado.

Deixo bem claro, que prefiro não tomar partido junto a governistas, muito menos, junto a oposicionistas. Prefiro me ater aos fatos e me nortear pelos mais sensatos pensamentos para minhas análises e publicações. Ainda mantenho minha política própria, onde acredito que tudo deve ser dito desde que seja verdadeiro.

Também deixo claro que não morro de amores pelo nosso governo, me repugno com as ações de adesistas e pelegos palacianos e ainda acho que a nossa oposição política é fraca. Porém, também não admito e nem concordo com ações precipitadas, principalmente quando estão ligadas à informação. Justamente neste momento que vemos os goianos, alvoroçados e em busca das “verdades”, eu intimamente, vejo que correm o risco de serem enganados, ou acreditarem em qualquer coisa que seja ventilada neste momento.

O conto da abertura é uma coisa que facilmente pode ser contado no decorrer dos anos e passado de pai para filho. Cravando-se nos livros de história a serem publicados. Mas ainda prefiro fazer uma outra analogia destes fatos.

Vejamos da seguinte maneira. É claro que é um pensamento egoísta e que muitos irão me chamar de louco, mas prefiro não trair nem meus instintos e nem meus treinamentos neste momento.

Há alguns dias, venho relatando minha surpresa sobre a real força que as redes sociais vêem tomando, principalmente nestes momentos de gerenciamento de crises. Baseado nisso, neste aspecto aliado ao fator de insatisfação coletiva dos goianos, atrevo a dizer que tudo isto se tornou uma grande lenda urbana.

Mas podem se perguntar por que estou afirmando isso. Simples. Redes sociais. Através desta moderna e poderosa ferramenta de interatividade, a informação chega mais rápido, existe um maior número de participantes no mesmo assunto e ao mesmo tempo, devido sua velocidade e a vontade de dar informações, primeiro do que os outros, muitos não têm a cautela de averiguar, checar, saber da veracidade de tais assuntos e fatos. É neste momento que surgem os atrapalhos da comunicação moderna. Poderia até citar o caso da Escola de Base, ocorrido em março de 1994.

Acho um absurdo, que em pleno século XXI, as pessoas ainda se iludam com coisas e teorias, tão fáceis de serem jogas por terra, com simples observações básicas. Então, tentarei enumerar as observações que fiz sobre esse caso.

1º)  A data de 1º de abril, seria uma data interessante até pelo seu valor histórico dentro da Federação “Terra Brasilis”. Foi em um 1º de abril de 1964, que o governo do então presidente, João Belchior Marques Goulart, sofreu um golpe Militar, conhecido hoje como a Revolução de 1964. Em 2012, o governo de Marconi Perillo, é considerado “truculento”, e muitas vezes, Perillo já foi chamado de didator. Nada mais legal do que “ferrar” o cara, ou associar sua imagem a de um ditador.

2º) Usuários das redes sociais começam a espalhar em seus perfis, verdadeiros ou não, a história de que carros, sem identificação, estariam recolhendo as revistas das bancas. Porém, ninguém apresenta uma foto, uma filmagem sequer desses carros e seus ocupantes, mesmo os celulares com câmeras serem idênticos a celulites. Ou seja, qualquer bundão tem um celular desses, mas ninguém teve uma prova para apresentar.

3º) No intuito de apimentar ainda mais a problemática, a notícia cai como um delicioso pudim de leite condensado com calda de caramelo, no colo da oposição ao governo. De imediato, passam a fomentar os boatos e fortalecem a idéia de que o governador estaria por trás de toda esta armação.

4º) Juntamente com o silêncio, dos que estão diretamente acusados pelos acontecimentos, que não se pronunciaram em defesa própria sobre os ocorridos, estão idiotas de inteligência modesta, que insistem em se ridicularizar, com o único propósito de serem vistos e recompensados, pelos os que têm a mão no poder. São os despreparados, auto-serviçais que tanto atrapalham a opinião positiva que o governo poderia ter da população, por causa de sua paixão desmedida e verborragias infundadas. O que influencia diretamente, na repulsa de um grande número de pessoas, que passam a sentir prazer em querer ver a imagem de Marconi destruída.

5º) Aliando o governo com esses idiotas e mais os escândalos que entopem os noticiários, é possível criar um coquetel molotov que pode se transformar, a qualquer momento, em uma bomba nuclear. Ou na pior das hipóteses, uma bomba relógio.

6º) Com as proporções que tomou a reportagem da revista na internet, rádios e telejornais, milhares de pessoas correram para as bancas para adquirir seu exemplar da edição. Isso pegou a todos de surpresa e esgotou o número de tiragem disponível para o estado. O que gerou todo este misticismo fantasioso sobre o assunto.

Mais coisas que podem ser avaliados neste “balaio de gatos” , às quais me ative:

7º) A revista Carta Capital tenta contato com donos de estabelecimentos em Goiânia e não consegue nenhuma informação concreta sobre as denúncias que os internautas fizeram nas redes. Leia:

“A reportagem de CartaCapital entrou em contato neste domingo, por telefone, com cerca de 30 bancas de jornal, livrarias e revistarias da capital goiana, entre as milhares que existem na cidade.
Apenas seis atenderam à ligação e confirmaram que a revista estava esgotada. Informaram também não ter vendido grande número de revistas a poucos indivíduos ou a alguém com um carro a “recolher” a publicação das bancas.
Devido a dificuldade em averiguar pessoalmente o caso neste domingo, não é possível confirmar se o mesmo ocorreu em outras bancas ou partes da cidade, ou se os próprios contatados foram instruídos a negar a venda em lotes.”

Veja o link da matéria
http://www.cartacapital.com.br/politica/o-estranho-sumico-de-cartacapital-em-goiania/

8º) A própria revista não afirma nada sobre os fatos narrados. Até então, considero uma postura correta, porém, a Carta Capital, passa a gostar da brincadeira. Mesmo silenciosamente sobre qualquer afirmação da veracidade do ocorrido, aproveita bem os seus momentos extras de fama, e disponibiliza, talvez de maneira inédita, a reportagem que gerou tamanha confusão, em seu portal. Até então, o portal da revista era apenas de divulgação, mas com essa repercussão, tornou-se informativo, estampando a polemica reportagem e deixando os ventos soprarem e colhendo os resultados da tempestade. Ou seja, ela não fez nada de mais. As pessoas fizeram isso por ela. O que apimentou ainda mais o embate e especulações sobre o assunto. Afinal de contas, na briga pela informação, a Carta Capital foi a primeira que realmente, propiciou estragos quase letais. Esta era uma oportunidade imperdível para chegar a um ponto de destaque das publicações nacionais.

Estes são os principais pontos básicos, da minha observação, junto com alguns outros detalhes que me levaram, a ter certeza particular, de que o governo do estado não cometeria um erro tão infantil, de tentar cercear a informação em tempos modernos.

Pelo andar da carruagem, tenho certeza que muitos discordam do que apontei, e outros apenas preferem continuar acreditando na teoria da conspiração que foi criada. Mas afirmo que este é meu ponto de vista. Não defendo que o que eu acabo de dizer seja a verdade ou o correto. E também não ponho minhas palavras em defesa do Palácio. Que fique claro. 

Compartilhei apenas a minha opinião sobre o assunto. Pela minha opinião eu me responsabilizo. Não me responsabilizarei, em momento algum, sobre a sua opinião ou pelo uso que der ao meu texto.
Apenas espero que sendo verdade ou não, isso que chamo e julgo como “lenda urbana e folclore”, sirva de exemplo, para um maior cuidado ao filtrarem o que cai na rede. Se há algo errado, é preciso ser investigado e penalizar seus autores. Mas que seja feito de forma justa. Para que os juízes, não hajam com os mesmos princípios hediondos dos réus.   

Um comentário:

  1. Gostei do tom "bem humorado" que vc começou o texto. E concordo com vc. Seria um erro bem infantil. Mas, tenho minhas dúvidas, afinal, não seria a primeira vez.
    Enfim.. acho que ficaremos na dúvida.

    Bj

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