terça-feira, 17 de abril de 2012

Seria a vez do DEM?



Muito já foi dito sobre as ações que brotam diariamente sobre o caso que envolve o assunto do momento. A Operação Monte Carlo e seus personagens povoam a realidade de todos e alimentam o imaginário de muitos. A cada nova informação, novas teorias são formadas, ataques, defesas e tentativas de se prever o que ainda poderá vir.

Ao entendimento aturdido, principalmente dos goianos, nada mais parece ser forte de mais ou novo de mais, para açoitar os ouvidos ou a compreensão de quem já está se acostumando em ver o país estampado com as notícias de Goiás.

Com a queda de mitos e símbolos, como foi o caso do Senador Demóstenes Torres, juntamente com mais um agrupamento de nomes do meio político, empresários e outros infortunados, as proporções do desastre provocado pelas investigações estão longe de serem totalmente descobertas.

Muitos foram prejudicados de maneira direita e indireta por estas ações, que alguns envolvidos ou citados garantem não terem tido conhecimento, enquanto produziam uma rede mafiosa de interesses, de grupos que já estavam acostumados a viver, lado a lado com o poder. A Monte Carlo, mostrou para todas as classes, muito daquilo que habita longe dos olhos e do conhecimento dos espectadores comuns.

Os adjetivos, não tão amistosos, recebidos pelo senador sem partido, superaram o vocabulário de muitos. O DEM, seu antigo partido, sofreu um forte golpe ao ver um dos seus representantes de maior respaldo, comprometer a história de toda uma legenda que agrega nomes como os de Ronaldo Caiado e do atual vice-governador, José Eliton Jr. Mesmo que qualquer membro afirmasse que era uma ação isolada.

O Democratas, sempre foi detentor de uma tradição austera e determinada, indiferente às críticas de opositores, marcando sua forma de ação pelo idealismo de uma bancada de esquerda. Ronaldo Caiado traçou uma carreira política, galgada entre as bases ruralistas que se mantiveram presentes em seus discursos e ações em prol da categoria. Foi dele a indicação do nome de José Eliton, em 2010, para ocupar a posição de vice de Marconi, na disputa das eleições. Neste momento, Demóstenes e seu partido, eram considerados as “noivinhas” por todas as bases. Todas as três candidaturas de maior visibilidade no estado cobiçaram a possibilidade de ladearem um palanque com os eles. Não apenas pelo tempo de TV, mas também, pela representatividade e o peso que o nome de Demóstenes Torres significava. Até mesmo para o PMDB, antigo adversário, a idéia soava com interessante, apesar de distantes serem as possibilidades.

As gravações das escutas de Cachoeira baixaram a âncora dos possíveis vôos que os Democratas poderiam alçar. Demóstenes conheceu o Tártaro em vida, colocando sua carreira política e visão de homem público, em uma situação agonizante. Com isso, não há como negar o fato, de que a imagem de seu partido, também foi abalada devido a todos estes escândalos. Mesmo sendo forte nas ideologias, o partido é fraco em números de representantes de destaque na Federação. A perda do Senador, removido da legenda, não era uma perda qualquer.

Medidas internas foram tomadas. Caiado praticamente se silenciou junto com seus correligionários. Muito pouco foi dito e a ausência do deputado, além de notada, passou a ser incômoda. No meio da tempestade que passou a inundar imagens tucanas, ainda havia um nome, pouco comentado durante essa tormenta, o nome de José Eliton Jr, que deu seqüência aos compromissos governamentais, e vem cumprindo seus afazeres de maneira discreta e ao que parece eficiente.

Com as denúncias que recaem sobre o governo, não seria demagogia ou irracionalidade, atentar sobre o fato, de que pode estar perto de mais, a possibilidade dele vir a assumir a cadeira verde do estado. Caso continuem as freqüentes acusações e complicações no governo, José Eliton, o moço discreto dos Democratas, que cheguei a comparar em 2010, com uma “espinha de peixe”, que teve de ser engolida por Marconi, por exigência de Caiado para garantir a aliança e o apoio de Demóstenes em sua campanha, poderá passar em breve, a ser o redentor do partido.

Esta poderia ser a “luz no fim do túnel”, para um partido que acabara de perder um forte nome no Senado, mas que agora está perto de poder governar um estado, com as dimensões de Goiás. Não seria então, insolência, caso imaginássemos o rapaz que ocupa sua agenda de maneira pontual e sistêmica, distante dos fatos que corroem as vigas do poder paralelo, estar prestes a assumir a frente do poder estadual. Mas as lembranças políticas nos levam a pensar, em como seria esta convivência, entre Caiado e aqueles que ainda seguiriam a “linha Marconista”.

Detalhes à parte, os Democratas podem ter perdido um pedaço da sua carne, mas não estão distantes da possibilidade de realizarem um enxerto, de igual importância e peso significativo, mostrando que o DEM não estaria morto, como alguns atreveram a anunciar. 

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